Penso que posta-las separadas e em intervalos de tempo indefinidos diminuiria não só a importância como também alteraria o significado, que perderia sua completude. Não espero agradar e sim somente, dizer.
Eu ainda pretendo escrever muito sobre
heróis. Criar, citar, ovacionar, conhecer algum e quem sabe me transformar em
um. Minha primeira crônica escrita, aliás, abordou o assunto. Mas hoje eu
queria falar sobre Pedro.
Pedro não nasceu com a super força do
Hulk e do Superman, tampouco com a eximia pericia do Batman. Nem vou perder
tempo citando os demais, pois o nosso herói foge do convencionalismo do mundo
dos quadrinhos.
Descobriu sua virtude na adolescência, e
não haveria hora mais conveniente. Queria salvar o mundo, ajudar as pessoas que
mais precisavam. Cogitou inclusive usar máscara, capa e luva, construir um
quartel general, convidar alguém de sua confiança pra ajudar nas missões e arranjar
algum veículo pra encurtar os trajetos. Acabou, porém, vendo que não seria
necessário já que seu talento era algo muito individual, mais que isso,
autossuficiente. Seu poder? Pedro era 100% seguro, nunca tinha duvidas, jamais
se questionava, era um poço de certeza. Desistiu da carreira de herói quando o
melhor nome que entrou foi Senhor Confiança.
Pedro nunca salvou ninguém, mas também
pudera, nunca precisou ser salvo.
Eu queria ter a memória dos vendedores,
lojistas e feirantes que sabem o nome de quase todos os seus clientes e acabam fazendo
uma simples troca de cédulas parecer uma amizade verdadeira e de longas datas.
E algumas são!
A memória da dona de casa que não
precisa da listinha de compras pra ir ao supermercado, dos superdotados que
decoraram Bhaskara e dos jornalistas e apresentadores que ignoram o teleprompter.
Do historiador que entende os contextos
e as conjunturas sabendo de cor seus títulos, e os respectivos personagens,
datas e lugares neles inseridos. Do escritor que tem sempre os adjetivos na
ponta da língua, do músico que não perde a letra, as notas e os acordes, dos poetas
que não se esquecem de seus versos e dos recitadores que reverberam os versos
desses poetas.
Do professor que sabe o nome de cada
aluno e a avó de todos os netos. Dos Don Juan's que não confundem os nomes de
suas amadas e a memória do meu HD externo, santo HD externo que impediu o meu
mundo físico de se tornar um galpão caótico superlotado de PDF´s, filmes e
discos.
Tudo menos essa memória que eu tenho e
que me faz olhar pra você e me perguntar “da onde é que eu te conheço mesmo?”.
Não ter domínio do inglês nesse mundo
que gosta de pagar de globalizado é um infortúnio. Como um gorila, o bilíngue
bate no peito urrando idiomas e te chama de animal. Mas o que todo poliglota esquece
ou desconsidera é a máxima de que a ignorância é uma benção. Ainda mais quando
o assunto é música.
Quando fogem da minha compreensão
os significados entram em cena a melodia, o tempo entre as palavras, a entonação
dada a elas, o tempo entre elas, por último o corpo instrumental do conjunto.
Tudo isso me tira o fone de ouvido e me da o lápis e o papel. A música agora é
minha! Ela me diz o que quero ouvir, pode estar falando sobre politica ou
ciência, mas se soa uma canção de amor que seja! Vai me fazer recordar de algo,
lembrar alguém. Ou o contrário, se possível. Já cheguei a imaginar que uma
música dos Smiths era de cunho político. Não vou lembrar seu nome agora, porém
sei que tempo depois foi rasgar minha ilusão uma tradução torpe do Vagalume.
Música não é o que se canta, é como se
canta. Perdão, compositor.
O desvario toma mais corpo e cor quando
decido ir mais longe roubando claquete e jaqueta como se fosse um diretor hollywoodiano
e elaboro um storyboard pro clipe que a música só não tem, olhem a lástima,
porque não é minha mesmo. E aí vem imagem de pessoas e lugares aleatoríssimos
que faço questão de que venham assim, porque cá entre nós, me enumere em um
minuto dez clipes com sequencia e linha de raciocínios claros. Julgo? De forma
alguma. O videoclipe é o filho prodigo e único do cinema com a música e se
algum músico estrangeiro por ai estiver interessado em diretor, aviso logo que
sem experiência, pra produzir um clipe de alguma canção sua mediante a
desobediência total do que provavelmente querem dizer os versos, o meu e-mail
está em algum lugar desse blog.
- Muda a fragrância às
vezes, mas nunca o tom. É sempre essa mesma coisa com contraste de álcool gel.
- Ah fala sério. Esse
que puseram essa semana é aquele com o cheirinho de pétalas da primavera.
- Mas que pétalas da
primavera? Como você pode juntar todos os aromas de todas as pétalas no período
da primavera e tornar isso um perfume?
- Sei lá, talvez seja
só pra vender. Mas deixa isso pra lá...
- Não, deixa isso pra
lá uma ova! Próxima semana vai ser o que? Fragrância neve inverno?
- E se for, o que você
vai fazer?
- Nada. E tem mais,
odeio roupa de escritório...
- Roupa de escritório?
A gente nem tem uniforme.
- Mas em compensação há
um padrão de cor, um padrão de calçado, de penteado, de tudo?
- São as normas da
empresa, aceitamos quando viemos trabalhar.
- Fomos indiretamente
obrigados a aceitar, assim como fomos forçados aceitar que a marca do Café e a
hora que ele é feito, sempre os mesmos.
- Agora até o café?
- Sim até o café. E o
nosso trabalho? Todo dia a gente vem pra fazer a mesma coisa. Recebe o pedido,
verifica os custos, põe tudo na planilha e manda pro chefe.
- Você queria que fosse
como? Um dia fazendo o que a gente é pago pra fazer e no outro descendo pra
ficar no lugar do porteiro?
- E porque não?
Sinceramente, o que a gente faz aqui não necessita da minha pós-graduação ou da
minha formação, talvez sequer do meu ensino médio. Chame qualquer pessoa que manje
das quatro operações matemáticas e que tenha aprendido as tabuadas de 2 a 9 e
eu te garanto que ele manda ver!
- O que deu em você
hoje, Pentecostes? Mas Acho que já deu né? Hora do almoço!
Eu sou a pessoa mais desastrada que conheço,
que minha mãe conhece. Que a minha família já ouviu falar!
Gostaria que houvesse uma premiação para
o desastre com o naipe assim do Guinness.
Ponha objetos quebráveis, coisas frágeis
na minha mão e esteja ciente do risco que corre.
Hoje eu quebrei um copo de vidro e
terminei um relacionamento. Quebra de seguimento do tempo que não
necessariamente é regida por mim, mas me atribuem a causa.
Já quebrei tantos outros copos. Mas o
termino é só o segundo. E nem só copos foram vitimas minhas. Já provoquei um
curto circuito na casa da minha vó e ficamos sem energia por um dia inteiro. Uma
população inteira de pratos foi lançada ao precipício hora pela desatenção,
hora pela ansiedade. Metade dos meus brinquedos foi doada pela minha mãe enquanto
o restante... Bom, preciso pontuar? Já tive bonecos desmembrados de todas as
formas, alguns deixei sem perna e outros sem braço. Consegui alterar a concepção
por trás de uns e os contemplei com a lenda da mula sem cabeça. Sem falar que
óculos comigo não convive mais de um ano.
As pessoas normalmente igualam os
desastrados aos descuidosos, mas quebrar ou perder por azar é diferente de perder
por desinteresse. Entre os dois a displicência é o algoritmo em comum, porque
ambos podem se esforçar pra mudarem sua natureza.
Vivo pela perspectiva do elefante numa
loja de cristais. Temo aquilo que me teme, tento proteger o que de mim se
protege.
Desde os
primeiros momentos, no impacto da presença despojada, aquilo que parecia
‘’loucura’’ era só o reflexo do espirito destemido que carregavas. Sempre
disposta a tudo, sem pudores bobos, sem medos, sem vergonhas (Sim, vergonha
nunca foi coisa que te cabia), porém, de alguma maneira algo na vida te
prendia, a trajetória nem sempre é tão perfeita.
Lived the life so endlessly
Saw beyond what others see
É, talvez a vida cobre de quem vive
intensamente. Enxergar além não é dádiva dos santos, muito menos dos sóbrios,
mas sim dos ébrios e dos loucos. Não é tão simples, não é tão perfeito como a
ideia que habita o imaginário de alguns. “Live high, die Young”, isso custa
caro... E mesmo que não tenho sido esse seu propósito, viveu assim até o último
dia.
I tried to heal your broken heart
with
all that I could
E onde eu me encaixei nisso? Fui mero coadjuvante nessa história. De mansinho
entrei nesse furacão que chamavas de vida, mas com a certeza de que sempre fui
verdadeiro. Verdadeiro como nunca tinha sido, e como nunca mais o serei. O que
eu tinha de melhor te entreguei. Talvez tenha sido por isso que tudo isso ficou
tão marcado. Aquele ano. Aquelas pessoas. Todas aquelas lembranças. É...
Will you stay?
Will you stay
away forever?
Será? Me pergunto isso tantas e tantas vezes depois que se você partiu.
How do I live
without the ones I love?
Time still
turns the pages of the book it's burned
Eu não sei como é a morte, mas com certeza é
mais difícil pra quem fica. Como viver sem aqueles a quem amo? “Acostume-se, ‘‘a vida é uma eterna perda daqueles
que amamos”. Victor Hugo estava certo. E esse livro, mesmo destruído ,sempre
terá mais uma página.
Place and time always on my mind
I have so much
to say but you're so far away
Que são três anos ? Pouco tempo, não ? Pode ser que sim. Repito, os
lugares, os dias e mais, as pessoas, eu, você.
Sim, tenho muito a falar. Nunca tive tanto. E se escrevo este texto hoje
é por isso. Pra saciar a vontade que tenho de falar. breve Infelizmente estás
muito longe...
It seems we're
so invincible
The truth is
so cold
‘’Aos
quinzes anos tudo é infinito’’. Eu tinha quinze anos. Eu era infinito. Éramos
invencíveis. Éramos... A verdade é aguda, rasga suavemente, fina lâmina de
gelo.
Now and
then I try to find a place in my mind
Where you can stay
You can
stay awake forever
Memória
assim não se apaga fácil.
Sleep tight, I'm not afraid
The ones that we love are
here with me
Lay away a place for me
Cause as soon as I'm done
I'll be on my way
To live eternally
Esses versos
são de uma força inexplicável. Apesar de tudo, não há o que temer, a vida só
começou. Apesar de tudo, daquelas pessoas, algumas ainda estão aqui. Apesar de
tudo...Você vive eternamente, na memória daqueles a quem cativou.
I love you
You were ready
The pain is strong and urges rise
But I’ll see you
When it lets me
Your pain is gone, your hands
untied
Sua dor acabou suas mãos desamarradas. Saber
disso me conforta não a certeza de que te verei de novo, isso é dúvida sem
certeza. Sweet sleep, my dark angel.