Existe
uma relação entre saudade e demora. Comecemos por ai.
É
necessário que eu desenvolva ou que exponha a ideia por trás disso e sinceramente
não encontro muita coisa útil. Útil mesmo agora é escrever. Espera, mais que
útil, é necessário. Apesar de que, nesse exato momento, nem concentrado nesse
paragrafo estou porque minha mente está na água que pus pra ferver e na pessoa
da qual sinto falta. Talvez eu não termine agora, vou ter que voltar à cozinha
pra passar o café e depois recomeçar a leitura. É provável que volte a essas
linhas mais tarde, porque mais tarde terei mais ideias e principalmente, mais
saudade.
A
saudade move e comove. Traz de volta o imigrante, inspira o poeta. Gonçalves
Dias vale lembrar, foi os dois.
Existe
uma relação entre saudade e memória. Continuemos por aqui.
É
impossível ter saudade do que não se lembra. Do que não se viveu. Isso me faz pensar
nas pessoas que sofrem de Alzheimer. Sentem, e se sentem, quando sentem saudade?
E do que? Exagerei? É apenas uma reflexão descompromissada.
Já
escrevi coisa melhor. Acho que me sairia bem mesmo se resolvesse dar uma
palavrinha pra cada pessoa que sinto falta, mas ai é martírio. Sadomasoquismo puro!
Eu ia ter que ficar flexionando a memória, puxando lembrança daqui, outras de
lá. Não adianta...
É
melhor e mais sadio falar sobre a saudade. Enaltece-la, culpa-la, ler alguma coisinha
pra acrescentar no texto, buscar uns sinônimos para enriquecê-lo.
Ah,
vale lembrar que eu comecei a rabiscar aqui umas quatro horas da tarde. Já são
onze da noite e nada de tão relevante me veio. Saudade é bicho chato, ficar
pensando nela é a representação perfeita de quem cava a própria cova.