16 setembro, 2016

Palavras breves sobre a saudade


Existe uma relação entre saudade e demora. Comecemos por ai.

É necessário que eu desenvolva ou que exponha a ideia por trás disso e sinceramente não encontro muita coisa útil. Útil mesmo agora é escrever. Espera, mais que útil, é necessário. Apesar de que, nesse exato momento, nem concentrado nesse paragrafo estou porque minha mente está na água que pus pra ferver e na pessoa da qual sinto falta. Talvez eu não termine agora, vou ter que voltar à cozinha pra passar o café e depois recomeçar a leitura. É provável que volte a essas linhas mais tarde, porque mais tarde terei mais ideias e principalmente, mais saudade.

A saudade move e comove. Traz de volta o imigrante, inspira o poeta. Gonçalves Dias vale lembrar, foi os dois.

Existe uma relação entre saudade e memória. Continuemos por aqui.

É impossível ter saudade do que não se lembra. Do que não se viveu. Isso me faz pensar nas pessoas que sofrem de Alzheimer. Sentem, e se sentem, quando sentem saudade? E do que? Exagerei? É apenas uma reflexão descompromissada.

Já escrevi coisa melhor. Acho que me sairia bem mesmo se resolvesse dar uma palavrinha pra cada pessoa que sinto falta, mas ai é martírio. Sadomasoquismo puro! Eu ia ter que ficar flexionando a memória, puxando lembrança daqui, outras de lá. Não adianta...

É melhor e mais sadio falar sobre a saudade. Enaltece-la, culpa-la, ler alguma coisinha pra acrescentar no texto, buscar uns sinônimos para enriquecê-lo.

Ah, vale lembrar que eu comecei a rabiscar aqui umas quatro horas da tarde. Já são onze da noite e nada de tão relevante me veio. Saudade é bicho chato, ficar pensando nela é a representação perfeita de quem cava a própria cova.