Há por trás da beleza ou
sustentado por ela uma espécie de espectro de inconveniências e transtornos, e
isso é assunto até de estudo da psicologia por ai a fora.
Já foi comprovado que as
mulheres mais bem-apessoadas têm menos chances de serem contratadas para ocupar
as funções mais altas nas hierarquias empresariais, enquanto que os gritos e
demonstrações de dor preocupam menos os médicos quando manifestadas pela gente
dos rostinhos mais graciosos.
Quando o assunto é a
paquera, há um fardo simbiótico de medo e respeito que cerca os mais bonitos. “Fulano
é demais pra mim”, “Fulana não vai me querer nem pintado de ouro”, “deve ser
muito inteligente também, e entender de todo assunto, de exatas e humanas, ele
ou ela é um crânio”.
E para me conformar pelas
poucas chances que tenho de sair na capa de uma revista masculina formulei uma
tese acerca da beleza. Imagine-a como um cartão de visita de uma empresa
qualquer, mas não um cartão de layout minimalista, de material ordinário e com
uma logomarca cafona. Pelo contrário, um cartão de nuances modernos e
chamativos a exibir com requinte e precisão as informações necessárias a ponto
de levar imediatamente o consumidor a franquia mais perto. Mas ao chegar,
deparam-se os clientes com infiltrações e rachaduras na parede, péssimo atendimento
e preços abusivos.
Não é uma obrigatoriedade
e eu poderia substituir todo o paragrafo anterior pelo famoso ditado “não
julgue o livro pela capa”. Tudo é arbitrário quando se trata das aparências
porque as variáveis “gosto e preferência” são juízes supremos e irredutíveis.
Mas tira-se disso tudo,
pois, o lado bom de ser feio.