21 dezembro, 2015

O lado ruim de ser bonito

Há por trás da beleza ou sustentado por ela uma espécie de espectro de inconveniências e transtornos, e isso é assunto até de estudo da psicologia por ai a fora.

Já foi comprovado que as mulheres mais bem-apessoadas têm menos chances de serem contratadas para ocupar as funções mais altas nas hierarquias empresariais, enquanto que os gritos e demonstrações de dor preocupam menos os médicos quando manifestadas pela gente dos rostinhos mais graciosos.

Quando o assunto é a paquera, há um fardo simbiótico de medo e respeito que cerca os mais bonitos. “Fulano é demais pra mim”, “Fulana não vai me querer nem pintado de ouro”, “deve ser muito inteligente também, e entender de todo assunto, de exatas e humanas, ele ou ela é um crânio”.

E para me conformar pelas poucas chances que tenho de sair na capa de uma revista masculina formulei uma tese acerca da beleza. Imagine-a como um cartão de visita de uma empresa qualquer, mas não um cartão de layout minimalista, de material ordinário e com uma logomarca cafona. Pelo contrário, um cartão de nuances modernos e chamativos a exibir com requinte e precisão as informações necessárias a ponto de levar imediatamente o consumidor a franquia mais perto. Mas ao chegar, deparam-se os clientes com infiltrações e rachaduras na parede, péssimo atendimento e preços abusivos.

Não é uma obrigatoriedade e eu poderia substituir todo o paragrafo anterior pelo famoso ditado “não julgue o livro pela capa”. Tudo é arbitrário quando se trata das aparências porque as variáveis “gosto e preferência” são juízes supremos e irredutíveis.

Mas tira-se disso tudo, pois, o lado bom de ser feio.