- Eu odeio perfume de
escritório!
- Como assim, que
perfume? E odeia assim do nada?
- Muda a fragrância às
vezes, mas nunca o tom. É sempre essa mesma coisa com contraste de álcool gel.
- Ah fala sério. Esse
que puseram essa semana é aquele com o cheirinho de pétalas da primavera.
- Mas que pétalas da
primavera? Como você pode juntar todos os aromas de todas as pétalas no período
da primavera e tornar isso um perfume?
- Sei lá, talvez seja
só pra vender. Mas deixa isso pra lá...
- Não, deixa isso pra
lá uma ova! Próxima semana vai ser o que? Fragrância neve inverno?
- E se for, o que você
vai fazer?
- Nada. E tem mais,
odeio roupa de escritório...
- Roupa de escritório?
A gente nem tem uniforme.
- Mas em compensação há
um padrão de cor, um padrão de calçado, de penteado, de tudo?
- São as normas da
empresa, aceitamos quando viemos trabalhar.
- Fomos indiretamente
obrigados a aceitar, assim como fomos forçados aceitar que a marca do Café e a
hora que ele é feito, sempre os mesmos.
- Agora até o café?
- Sim até o café. E o
nosso trabalho? Todo dia a gente vem pra fazer a mesma coisa. Recebe o pedido,
verifica os custos, põe tudo na planilha e manda pro chefe.
- Você queria que fosse
como? Um dia fazendo o que a gente é pago pra fazer e no outro descendo pra
ficar no lugar do porteiro?
- E porque não?
Sinceramente, o que a gente faz aqui não necessita da minha pós-graduação ou da
minha formação, talvez sequer do meu ensino médio. Chame qualquer pessoa que manje
das quatro operações matemáticas e que tenha aprendido as tabuadas de 2 a 9 e
eu te garanto que ele manda ver!
- O que deu em você
hoje, Pentecostes? Mas Acho que já deu né? Hora do almoço!
- Que tal o japonês
nosso de cada dia?