10 outubro, 2016

Perfume de escritório

- Eu odeio perfume de escritório!
- Como assim, que perfume? E odeia assim do nada?
- Muda a fragrância às vezes, mas nunca o tom. É sempre essa mesma coisa com contraste de álcool gel.
- Ah fala sério. Esse que puseram essa semana é aquele com o cheirinho de pétalas da primavera.
- Mas que pétalas da primavera? Como você pode juntar todos os aromas de todas as pétalas no período da primavera e tornar isso um perfume?
- Sei lá, talvez seja só pra vender. Mas deixa isso pra lá...
- Não, deixa isso pra lá uma ova! Próxima semana vai ser o que? Fragrância neve inverno?
- E se for, o que você vai fazer?
- Nada. E tem mais, odeio roupa de escritório...
- Roupa de escritório? A gente nem tem uniforme.
- Mas em compensação há um padrão de cor, um padrão de calçado, de penteado, de tudo?
- São as normas da empresa, aceitamos quando viemos trabalhar.
- Fomos indiretamente obrigados a aceitar, assim como fomos forçados aceitar que a marca do Café e a hora que ele é feito, sempre os mesmos.
- Agora até o café?
- Sim até o café. E o nosso trabalho? Todo dia a gente vem pra fazer a mesma coisa. Recebe o pedido, verifica os custos, põe tudo na planilha e manda pro chefe.
- Você queria que fosse como? Um dia fazendo o que a gente é pago pra fazer e no outro descendo pra ficar no lugar do porteiro?
- E porque não? Sinceramente, o que a gente faz aqui não necessita da minha pós-graduação ou da minha formação, talvez sequer do meu ensino médio. Chame qualquer pessoa que manje das quatro operações matemáticas e que tenha aprendido as tabuadas de 2 a 9 e eu te garanto que ele manda ver!
- O que deu em você hoje, Pentecostes? Mas Acho que já deu né? Hora do almoço!
- Que tal o japonês nosso de cada dia?