06 outubro, 2016

Palavras breves sobre o desastrado

Eu sou a pessoa mais desastrada que conheço, que minha mãe conhece. Que a minha família já ouviu falar!

Gostaria que houvesse uma premiação para o desastre com o naipe assim do Guinness.

Ponha objetos quebráveis, coisas frágeis na minha mão e esteja ciente do risco que corre.

Hoje eu quebrei um copo de vidro e terminei um relacionamento. Quebra de seguimento do tempo que não necessariamente é regida por mim, mas me atribuem a causa.  

Já quebrei tantos outros copos. Mas o termino é só o segundo. E nem só copos foram vitimas minhas. Já provoquei um curto circuito na casa da minha vó e ficamos sem energia por um dia inteiro. Uma população inteira de pratos foi lançada ao precipício hora pela desatenção, hora pela ansiedade. Metade dos meus brinquedos foi doada pela minha mãe enquanto o restante... Bom, preciso pontuar? Já tive bonecos desmembrados de todas as formas, alguns deixei sem perna e outros sem braço. Consegui alterar a concepção por trás de uns e os contemplei com a lenda da mula sem cabeça. Sem falar que óculos comigo não convive mais de um ano.

As pessoas normalmente igualam os desastrados aos descuidosos, mas quebrar ou perder por azar é diferente de perder por desinteresse. Entre os dois a displicência é o algoritmo em comum, porque ambos podem se esforçar pra mudarem sua natureza.

Vivo pela perspectiva do elefante numa loja de cristais. Temo aquilo que me teme, tento proteger o que de mim se protege.