Não ter domínio do inglês nesse mundo
que gosta de pagar de globalizado é um infortúnio. Como um gorila, o bilíngue
bate no peito urrando idiomas e te chama de animal. Mas o que todo poliglota esquece
ou desconsidera é a máxima de que a ignorância é uma benção. Ainda mais quando
o assunto é música.
Quando fogem da minha compreensão
os significados entram em cena a melodia, o tempo entre as palavras, a entonação
dada a elas, o tempo entre elas, por último o corpo instrumental do conjunto.
Tudo isso me tira o fone de ouvido e me da o lápis e o papel. A música agora é
minha! Ela me diz o que quero ouvir, pode estar falando sobre politica ou
ciência, mas se soa uma canção de amor que seja! Vai me fazer recordar de algo,
lembrar alguém. Ou o contrário, se possível. Já cheguei a imaginar que uma
música dos Smiths era de cunho político. Não vou lembrar seu nome agora, porém
sei que tempo depois foi rasgar minha ilusão uma tradução torpe do Vagalume.
Música não é o que se canta, é como se
canta. Perdão, compositor.
O desvario toma mais corpo e cor quando
decido ir mais longe roubando claquete e jaqueta como se fosse um diretor hollywoodiano
e elaboro um storyboard pro clipe que a música só não tem, olhem a lástima,
porque não é minha mesmo. E aí vem imagem de pessoas e lugares aleatoríssimos
que faço questão de que venham assim, porque cá entre nós, me enumere em um
minuto dez clipes com sequencia e linha de raciocínios claros. Julgo? De forma
alguma. O videoclipe é o filho prodigo e único do cinema com a música e se
algum músico estrangeiro por ai estiver interessado em diretor, aviso logo que
sem experiência, pra produzir um clipe de alguma canção sua mediante a
desobediência total do que provavelmente querem dizer os versos, o meu e-mail
está em algum lugar desse blog.