Eu queria ter a memória dos vendedores,
lojistas e feirantes que sabem o nome de quase todos os seus clientes e acabam fazendo
uma simples troca de cédulas parecer uma amizade verdadeira e de longas datas.
E algumas são!
A memória da dona de casa que não
precisa da listinha de compras pra ir ao supermercado, dos superdotados que
decoraram Bhaskara e dos jornalistas e apresentadores que ignoram o teleprompter.
Do historiador que entende os contextos
e as conjunturas sabendo de cor seus títulos, e os respectivos personagens,
datas e lugares neles inseridos. Do escritor que tem sempre os adjetivos na
ponta da língua, do músico que não perde a letra, as notas e os acordes, dos poetas
que não se esquecem de seus versos e dos recitadores que reverberam os versos
desses poetas.
Do professor que sabe o nome de cada
aluno e a avó de todos os netos. Dos Don Juan's que não confundem os nomes de
suas amadas e a memória do meu HD externo, santo HD externo que impediu o meu
mundo físico de se tornar um galpão caótico superlotado de PDF´s, filmes e
discos.
Tudo menos essa memória que eu tenho e
que me faz olhar pra você e me perguntar “da onde é que eu te conheço mesmo?”.