22 outubro, 2016

Teleprompter

Eu queria ter a memória dos vendedores, lojistas e feirantes que sabem o nome de quase todos os seus clientes e acabam fazendo uma simples troca de cédulas parecer uma amizade verdadeira e de longas datas. E algumas são!

A memória da dona de casa que não precisa da listinha de compras pra ir ao supermercado, dos superdotados que decoraram Bhaskara e dos jornalistas e apresentadores que ignoram o teleprompter.   

Do historiador que entende os contextos e as conjunturas sabendo de cor seus títulos, e os respectivos personagens, datas e lugares neles inseridos. Do escritor que tem sempre os adjetivos na ponta da língua, do músico que não perde a letra, as notas e os acordes, dos poetas que não se esquecem de seus versos e dos recitadores que reverberam os versos desses poetas.

Do professor que sabe o nome de cada aluno e a avó de todos os netos. Dos Don Juan's que não confundem os nomes de suas amadas e a memória do meu HD externo, santo HD externo que impediu o meu mundo físico de se tornar um galpão caótico superlotado de PDF´s, filmes e discos.  

Tudo menos essa memória que eu tenho e que me faz olhar pra você e me perguntar “da onde é que eu te conheço mesmo?”.