10 outubro, 2015

Repentinamente


Deu em Joana a vontade de se amar. De se entregar as possibilidades, de perpetuar o seu cheiro no colarinho e também na lembrança dos homens, de tornar-se alvo dos comentários. Tornar-se o comentário. O assunto.

Falassem bem, falassem mal, mas que falassem.

Quis tornar dever o seu direito de ser livre.

E assim se fez. E assim foi.

Viu de tudo, parou pouco. Fez jornada pelo mundo e não quis dar-se ao luxo de se identificar com os lugares ou neles se estabelecer. A caminhada era em prol da descoberta, não da fixação.

E quanto mais andava mais se desprendia do passado. Fragmentavam-se todos os sentimentos de ódio, rancor e saudade e estes iam transformando-se em uma espécie de poeira, que com o tempo já não era mais poeira.

Que com o tempo já não era mais simplesmente nada.

E tudo isso por que assim de repente deu em Joana a vontade de se amar.