Deu em Joana a vontade de se amar. De se
entregar as possibilidades, de perpetuar o seu cheiro no colarinho e também na
lembrança dos homens, de tornar-se alvo dos comentários. Tornar-se o comentário.
O assunto.
Falassem bem, falassem mal, mas que falassem.
Quis tornar dever o seu direito de ser livre.
E assim se fez. E assim foi.
Viu de tudo, parou pouco. Fez jornada pelo
mundo e não quis dar-se ao luxo de se identificar com os lugares ou neles se estabelecer. A caminhada era em prol da descoberta, não da fixação.
E quanto mais andava mais se desprendia do
passado. Fragmentavam-se todos os sentimentos de ódio, rancor e saudade e estes
iam transformando-se em uma espécie de poeira, que com o tempo já não era mais
poeira.
Que com o tempo já não era mais simplesmente
nada.
E tudo isso por que assim de repente deu em
Joana a vontade de se amar.