06 agosto, 2016

Aceitação, e das boas.

Eu não sei flertar com o passado

Eu deveria aceitar isso, eu devo aceitar isso. Não posso lhes certificar se já aceito plenamente.

Por insistência de uns amigos puxei assunto, mandei um olá, franciscana camaradagem masculina, com quem posso considerar meu primeiro amor. Não foi amor, se era na adolescência era tudo menos amor. Se há amor na adolescência é pelo fetichismo do mundo lá fora, pela obra mal acabada a fim de se tornar o mártir do Eu. Eu considerava. Ainda sou um adolescente, baita de um! Mas mudei algumas concepções para amadurecer. Ou porque amadureci? Não quero saber de fulana ou cicrana, disso ou daquilo referente a pessoas fora do meu circulo atual. Me deixe discutir coisa de gente grande!

Não insista nas rebarbas no passado, pois elas não existem e quem discorda disso que se prepare para percorrer uma via-crúcis num labirinto moonwalker. Eu não encontro assunto, ela não quer conversar e se quer, meu Deus, porque ainda nesses joguinhos fúteis. E não é alguém fútil, longe disso. É alguém do passado e encontra-se aqui o problema a reger em pantomima uma tragédia contemporânea, pobre e sem enredo claro. Pergunto o que anda fazendo e ela diz que se concentra nos estudos. A bola não volta pra mim, não lhe interessa por igual o meu mundo e o que ando fazendo nele. Agora eu posso, e sem pedir a opinião de ninguém, dizer que ela não quis conversa. A sua opinião pode antagonizar a isso, mas não interessa. Minha certeza tão cheia de si quer encerrar o assunto. Não foi um jogo porque não era pra ser nada e, por favor, garotas, mulheres e pessoas, quando não quiserem nada sejam tão educados quanto.

Estou pedindo.

Eu fui gentil, coisa que por esses tempos tenho visto apenas a necessidade de ser. A educação que me deram exige. Aliás que educação é essa se o “deram” que eu acabei de por, antes pus “derão”. “Você escreve”, e daí?, “não pode jamais cometer um erro desses”. A culpa foi do teclado e das luzes do quarto que apaguei. Desculpa mais convincente, saída pelas portas do fundo da tangente. Eu não respondi mais nada a ela. Não parabenizei, nem disse ok, não dei continuidade. Então eu resolvi procurar umas fotos e comparei com algumas memórias pra tentar recordar os traços mais simples, o cheiro, o volume do cabelo, pus umas músicas que me fazem recorda-la, e que antes, eram para-raios pra saudade e nada, eu realmente estou satisfeito por dizer para mim mesmo e não mais para os outros, “e nada”, (“!”).  Não fico mais nervoso, as batidas cardíacas plenas se mantém quase estáticas. Posso culpar meus amigos? Devo. Eles não digitaram por você, diz minha consciência. Eu os culpo e culpo você, respondo eu.  

A minha salvação foi a internet, pois imagine só se isso acontece no mundo das pessoas que se olham nos olhos. Que marcam encontros pontuais para selar o inicio e encontram-se para fins de ultimato. Olhem o flagelo, mas que martírio... Fiz-me menos homem? Talvez menos humano. Não pude saber se ao ler ela riu, se virou o canto da boca, quem sabe perplexa não soube o que responder ou não o quis e deixou pra responder só depois. Postergar decisões não pausa o legado frenético do tempo, moça. Certeza mesmo é que eu passaria a mesma vergonha e com tamanha coragem cara-a-cara, olho no olho. No meu caso, olhando pro céu a procurar as silabas e os sinônimos das palavras pobres para enriquecer o discurso no vão entre as estrelas. Lá não é dicionário, diz minha consciência. É figura de línguagem sua burra, eu respondo. Burro é você! Não sou covarde. Sou superficial? Eu escrevia versos e mais versos pra essa mulher, se tem uma coisa que corro a largo é da superficialidade, haja vista que só Deus sabe como eu sinto o que sinto agora, e a estrutura que tenho pra que apenas escreva e não grite. Porra! Os palavrões são magníficos. Não eu não sou refém da minha escrita. Sei resolver meus problemas como homem, como gente, como humano, eu sei usar a língua, aliás, não só pra falar, aliás, eu sei que devo resolver os problemas, porém vem a calhar que não sei como resolver a maioria e acabo por dissolvê-los em tantos outros. Isso lembra o causo da pedra. Se lhe questionarem sobre o que há dentro de uma pedra, responda que é de certo modo, efetivamente impossível saber, pois ao partimo-la o que fazemos é dar origem a outras pedras. Pedras são formadas por pedras e problemas por problemas, do contrário seriam outra coisa. Teriam outro nome.