09 julho, 2016

(I.N.U.C.C) Times To Die, um grito adolescente (?)



All of my friends are getting married
All of my friends are right with God
All of my friends are making money
But art gets what it wants and art gets what it deserves

Como esses versos, talvez atualmente nada reflita de modo tão fidedigno e com tamanha completude, porque cada vez que ouço acabam por contemplar o que me passa despercebido, o exato momento que vivo. Ao meu redor triunfam alguns vitoriosos e progridem outros esforçados ao mesmo tempo em que um esquizoide descenso entre o que faço para aproveitar o presente e o que devo fazer para o futuro que anseio me estagna. Um verso de outra canção soa como gentil conselheira, “e onde a sorte há de te levar, saiba, o caminho é o fim, mais que chegar”. Obrigado Little Joy.  Nas paixões alguns se perdem, outros se encontram, e eu cá me pergunto se devo permitir que me percebam. Já que tamanhos são os medos que a gente inocentemente toma para, ou porque nos fazem sentir, seguros. Ou acomodados? Responda alguém, ou o deus que ultimamente eu tenho acreditado pouco. 

Get a job!
Job lying in bed while all his friends chant
"Youmustadonesomethingwrong"
But he just keeps singing this song

E gritam, “vai trabalhar!”. Hoje, é apenas mais um dia do meu ano sabático. Estou na ânsia pelo lançamento de uma lista de espera da segunda chamada para o curso que sonho ingressar. Letras! “Meu filho pense melhor”, “Mãe, eu quero Letras”. É a preocupação disfarçada de preconceito ou o inverso? Ah, vai ver que é coisa de mãe mesmo. Ou seriam apenas da minha mãe essas coisas? Ela quer um filho bem sucedido, é sempre o que todas querem. Pra falar bem verdade, penso eu o que todas querem é ver, pura e simplesmente, o filho bem, mas o problema está justamente nesse “bem” aí. Ele pode sufocar seus os anseios, ele pode te tornar conformista, ou te estagnar. Pergunte-me, mãe, o que me faz sentir bem. Pergunte-me, mãe, o que eu quero pra mim. 

We’ve all had
Better times to die
We've all seen
Better times

Uma birra adolescente? Uma vontade ingrata de desperdiçar a chance que parece ser apenas uma? É preciso levar as crenças em consideração aqui, no entanto eu levo a vertente circunstancial cética. Um culto saudosista ao pessimismo para arrancar a atenção dos que sorriem dissimuladamente? É conveniente não responder nenhuma dessas perguntas, visto que, ao não condizerem com os questionamentos da canção tampouco podem respondê-los. Times To Die fala sobre o desencontro entre vontades próprias e expectativas alheias, não se trata de uma rejeição as cobranças que nos fazem, e sim, acerca da discrepância nas ambições. Que venham a nos exigir os frutos daquilo que queremos plantar. 






(Nessa espécie de 'tag' eu me esforço pra ser o menos tecnicamente crítico possível com alguns filmes, discos, músicas e livros que marcaram ou simplesmente chamaram a atenção de quem vos escreve)