Nada é tão ruim que não possa piorar um
pouquinho mais. A crise que até então afetava apenas o país e a sua economia
chegou a Gramática Portuguesa e o setor Ortográfico é o que mais sofre com o
pacote de cortes. Gramáticos, estudiosos
professores e escritores protestam nas ruas. Um acordo ortográfico foi selado
recentemente, mas nada parece ter colaborado para evitar que se chegasse a tal
ponto.
Demitiram o Z e com o seu fonema ficou o
S. O principal afetado é o reino animal que perde o único mamífero popular com
Z. O X entrou com recurso pra saber como
vai ficar “exato”, mas ninguém soube lhe informar ao certo.
Interjeições, dígrafos e até mesmo a
etimologia das palavras afetadas tiveram que abrir mão do H. “Está ameaçada a
erança de nossa língua”, escreveu um gramático em sua página oficial no
Facebook.
Irá a voto popular a preferência pelo
uso de: “biscoito ou bolacha, J ou G” e a julgamento irão todas as exceções das
regras gramaticais, que segundo especialistas (ex-alunos e estudantes) culminaram
para as vicissitudes e transtornos sofridos até aqui. Sintaxe e Morfologia não
se manifestaram até o momento.
Norma Culta é pressionada por
regionalistas e a galera que fala errado mesmo. Estes por sua vez pedem que ela
renuncie. Caso contrário será dada a largada para o rito de impeachment.
Com a ameaça de exilio nos E.U.A, o W
retornou ao Reino Unido e o U assumiu o cargo. Atarefadíssimo por sinal.
Sobrou até pra cedilha, coitada. E quem
quiser que se ponha a adivinhar como ler as palavras agora.
Ah, e só pra alerta-lo, amigo leitor,
esta é uma crônica clandestina e só poderá ser lida por leitores bastardos que
em tempos de crise e independente da dimensão que ela adentre, continuam a
presar pela beleza da estética da Língua Portuguesa.