17 julho, 2016

Crise ortográfica

Nada é tão ruim que não possa piorar um pouquinho mais. A crise que até então afetava apenas o país e a sua economia chegou a Gramática Portuguesa e o setor Ortográfico é o que mais sofre com o pacote de cortes.  Gramáticos, estudiosos professores e escritores protestam nas ruas. Um acordo ortográfico foi selado recentemente, mas nada parece ter colaborado para evitar que se chegasse a tal ponto.

Demitiram o Z e com o seu fonema ficou o S. O principal afetado é o reino animal que perde o único mamífero popular com Z.  O X entrou com recurso pra saber como vai ficar “exato”, mas ninguém soube lhe informar ao certo.  

Interjeições, dígrafos e até mesmo a etimologia das palavras afetadas tiveram que abrir mão do H. “Está ameaçada a erança de nossa língua”, escreveu um gramático em sua página oficial no Facebook.

Irá a voto popular a preferência pelo uso de: “biscoito ou bolacha, J ou G” e a julgamento irão todas as exceções das regras gramaticais, que segundo especialistas (ex-alunos e estudantes) culminaram para as vicissitudes e transtornos sofridos até aqui. Sintaxe e Morfologia não se manifestaram até o momento.

Norma Culta é pressionada por regionalistas e a galera que fala errado mesmo. Estes por sua vez pedem que ela renuncie. Caso contrário será dada a largada para o rito de impeachment.

Com a ameaça de exilio nos E.U.A, o W retornou ao Reino Unido e o U assumiu o cargo. Atarefadíssimo por sinal.

Sobrou até pra cedilha, coitada. E quem quiser que se ponha a adivinhar como ler as palavras agora.


Ah, e só pra alerta-lo, amigo leitor, esta é uma crônica clandestina e só poderá ser lida por leitores bastardos que em tempos de crise e independente da dimensão que ela adentre, continuam a presar pela beleza da estética da Língua Portuguesa.