26 fevereiro, 2016

Entre o gêneses, o vinho e a cerveja.

Um diagnostico de dengue provoca a ausência da doméstica e a deserção entre o ócio e minha mãe por uma semana. São sete lastimosos dias e sete lastimáveis noites, sem procrastinar porque é daquelas mães que veem verossimilhança entre uma fileira de livros mal posta e a casa de cabeça para baixo envolta por chamas.

Eis que logo no primeiro dia ordenou ao meu padrasto que providenciasse lâmpadas novas para substituir as queimadas e agora se vê luz no quarto da minha irmã, nada de pontos leitor já que o segundo dia começa com o galo acordando com as batidas das panelas, há louça acumulada, há poeira acumulada e o time removedor-álcool-lustra moveis entra em ação, mas tem o almoço, meu deus já são onze horas, horas que se vão e vem o terceiro dia, e olhem essas vidraças meus filhos mas que porcaria é esta, aonde estão os jornais não eu não quero saber de noticias, me vê o vidrex, não é propaganda leitor nem se espante mamãe já é o quarto dia, e senhor jesus quanto mais limpo e arrumo mais suja e bagunçada fica, não diga isso porque do meu quarto cuido eu, e bem que a Maria podia ter evitado essa dengue se verificasse a água parada e no quinto dia é o que faz, tudo seco mas ainda falta muita coisa e vai ficar pro sexto dia, eis que ele chega e põe-se a varrer e passar o pano úmido pela extensão de seu latifúndio particular, além de fazer a sua imagem o quarto dela e o da filha, cadê o cachorro hoje é dia do banho, cadê a água, hoje não é dia dela mulher, só amanha, mas amanha eu não me movo pra nada cansei, e o domingo chega, é o dia do descanso, depois do almoço feito e mesa posta vira-se pra mim e ordena com sutileza de quem roga misericórdia, “ô meu filho, vá me comprar uma cerveja”

Ao que convém concluir, a única e simples diferença entre a arrumação da minha casa e a criação do mundo é que em gêneses não se lê relatos da fermentação da cevada. Feito isto, Deus disse:


-Meu filho, traga o vinho!