19 julho, 2015

Peixe-babel


É mais que lúdica e deslumbrante a aventura criada pelo Douglas Adams. Guia do mochileiro das galáxias nos faz refletir sobre o quão útil é a ficção para um mundo que vive afogado num tonel de realidade. E mais do que isso, o quão valiosas seriam algumas ideias que com uma pitada de investimento maciço em tecnologia poderiam nos ser extraordinariamente práticas e vantajosas.

Tomem como exemplo o peixe-babel, um tradutor simultâneo alimentado pele energia mental de outras mentes ao redor da que o hospeda. Vejam que majestoso!... Porém ainda incompleto porque é fruto da ficção, portanto para nós um simples protótipo, logo necessitaria de adaptações.

Para o público masculino sugiro uma versão bem mais aplicada do peixe-babel porque somente traduzir o que uma mulher estrangeira fala seria insuficiente. Precisaria de um algoritmo altamente capacitado para compreender e de certa maneira objetivar entrelinhas, ou seja, traduzir ideias, vontades e revoltas femininas, e mais, traduzir o que elas dizem até quando não dizem, e ai sim um peixe-babel que daria finalmente ao homem a tão sonhada chance de entendê-las. O preço seria assustador ao ponto de fazer o turismo espacial custar uma mixaria.
                     
Para os leigos assim como eu em relação ao linguajar jurídico, um peixe-babel com um algoritmo eticamente capacitado para compreender e objetivar os documentos de nariz empinado que não se permitem ser entendidos. 

Enquanto que para os cidadãos, a priori aqueles acima dos dezesseis anos que possuem título de eleitor e interesse pelo cenário político nativo, um peixe-babel melindrosamente capacitado para compreender e objetivar as mentiras por detrás das promessas, as manobras por detrás dos discursos e por que não também os interesses por detrás dos abraços e apertos de mãos.

Pelo teor da necessidade e abrangência de funcionalidades que se exige, seria impossível compila-lo em um simples aplicativo para smartphones, por isso é de crucial importância, caso alguém o desenvolva, que o vista com uma poderosa patente equipada por um arsenal de parágrafos e artigos juridicamente ilegíveis redigidos com letras gregas e em algum idioma antigo e esquecido para que Apple e seus concorrentes não acabem o compilando em um simples aplicativo para smartphones.

Giuliano de Oliveira Mangueira.