É mais que lúdica e
deslumbrante a aventura criada pelo Douglas Adams. Guia do mochileiro das
galáxias nos faz refletir sobre o quão útil é a ficção para um mundo que vive
afogado num tonel de realidade. E mais do que isso, o quão valiosas seriam algumas
ideias que com uma pitada de investimento maciço em tecnologia poderiam nos ser
extraordinariamente práticas e vantajosas.
Tomem como exemplo o
peixe-babel, um tradutor simultâneo alimentado pele energia mental de outras mentes
ao redor da que o hospeda. Vejam que majestoso!... Porém ainda incompleto
porque é fruto da ficção, portanto para nós um simples protótipo, logo
necessitaria de adaptações.
Para o público masculino
sugiro uma versão bem mais aplicada do peixe-babel porque somente traduzir o
que uma mulher estrangeira fala seria insuficiente. Precisaria de um algoritmo
altamente capacitado para compreender e de certa maneira objetivar entrelinhas,
ou seja, traduzir ideias, vontades e revoltas femininas, e mais, traduzir o que
elas dizem até quando não dizem, e ai sim um peixe-babel que daria finalmente ao
homem a tão sonhada chance de entendê-las. O preço seria assustador ao ponto de
fazer o turismo espacial custar uma mixaria.
Para os leigos assim como eu em
relação ao linguajar jurídico, um peixe-babel com um algoritmo eticamente
capacitado para compreender e objetivar os documentos de nariz empinado que não
se permitem ser entendidos.
Enquanto que para os cidadãos,
a priori aqueles acima dos dezesseis anos que possuem título de eleitor e
interesse pelo cenário político nativo, um peixe-babel melindrosamente
capacitado para compreender e objetivar as mentiras por detrás das promessas,
as manobras por detrás dos discursos e por que não também os interesses por
detrás dos abraços e apertos de mãos.
Pelo teor da necessidade e
abrangência de funcionalidades que se exige, seria impossível compila-lo em um
simples aplicativo para smartphones, por isso é de crucial importância, caso
alguém o desenvolva, que o vista com uma poderosa patente equipada por um
arsenal de parágrafos e artigos juridicamente ilegíveis redigidos com letras
gregas e em algum idioma antigo e esquecido para que Apple e seus concorrentes
não acabem o compilando em um simples aplicativo para smartphones.
Giuliano de Oliveira Mangueira.